Um erro experimental levou uma equipe de cientistas que estudavam abelhas a uma descoberta surpreendente: a incrível habilidade desses insetos de sobreviver debaixo da água por até uma semana.
Um estudo publicado na revista científica Biology Letters na quarta-feira (17) descreveu como cientistas da Universidade de Guelph, no Canadá, acidentalmente submergiram abelhas-rainhas de espécies comuns no leste da América do Norte em hibernação na água e ficaram chocados ao descobrir que elas haviam sobrevivido.
O autor do estudo, Nigel Raine, professor da Escola de Ciências Ambientais da universidade, disse à CNN que o resultado foi “muito surpreendente”.
“Esses são organismos terrestres, eles não são realmente feitos para ficarem debaixo da água”, disse ele.
A equipe então realizou um experimento envolvendo 143 abelhas-rainhas de espécies comuns no leste da América do Norte e descobriu que aquelas mantidas sob a água por períodos de até sete dias tiveram taxas de sobrevivência semelhantes às que não foram mantidas sob a água, de acordo com um comunicado da universidade.
“Encontramos muito pouco impacto de qualquer regime de submersão”, disse Raine à CNN.
Esta é a primeira vez que cientistas testam como as abelhas-rainhas se saem quando submersas por longos períodos, e as descobertas lançam uma nova luz sobre as adaptações desses insetos e sua resistência a inundações.
Durante a estação fria, as abelhas-rainhas hibernam sozinhas após os machos e as operárias morrerem no final do outono, explicou Raine.
Elas hibernam em pequenos buracos, geralmente em solo bem drenado em barrancos, acrescentou ele.
Os cientistas acreditavam que essas condições ofereciam proteção contra inundações, que seriam fatais para muitos organismos terrestres, mas o estudo mostra que as abelhas-rainhas usadas no estudo podem sobreviver por pelo menos uma semana.
“Não sabemos muito sobre esta fase crítica em seu ciclo de vida”, disse ele. “Estamos começando a entender o que está acontecendo no subsolo.”
Embora este estudo não tenha examinado como as abelhas conseguem sobreviver, uma possível explicação é que elas estão em diapausa, disse Raine, que é “um estado de crescimento e reprodução suspensos, caracterizado por uma ingestão reduzida de oxigênio”, de acordo com o comunicado.
Durante a diapausa, as aberturas respiratórias conhecidas como espiráculos podem fechar por longos períodos e impedir a entrada de água no corpo. As abelhas-rainhas submersas também podem respirar através da pele, disseram os pesquisadores.
“Essas abelhas estão efetivamente em modo de economia de energia“, disse Raine, acrescentando que provavelmente não sobreviveriam debaixo d’água se estivessem ativas.
Compreender os mecanismos por trás dessa resiliência é uma questão chave para pesquisas futuras, disse Raine, que também planeja testar se rainhas hibernando conseguiriam sobreviver por mais de uma semana debaixo d’água.
“Pode ser bem mais do que isso”, disse ele.
Raine também planeja pesquisar se outras espécies de abelhas possuem resiliência similar à submersão.
“Compreender os polinizadores selvagens é muito, muito importante”, disse ele, enfatizando a importância desses insetos para a segurança alimentar e os ecossistemas terrestres.
Este conteúdo foi criado originalmente em Internacional.
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