O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), indicou o novo presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). O movimento em relação à estatal ocorre enquanto o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta segurar a abertura da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os descontos ilegais do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O atual presidente da Codevasf, Marcelo Moreira, deixará o cargo até julho. Ele será substituído pelo atual gerente-executivo de estratégia e finanças da empresa, Lucas Felipe de Oliveira.
A alteração vinha sendo costurada desde março, e a decisão foi tomada agora. Indicado ao cargo pelo deputado Elmar Nascimento (União–BA), ex-líder do União Brasil na Câmara, o atual presidente deixará o posto para trabalhar na iniciativa privada.
A substituição aumenta a influência de Alcolumbre em cargos estratégicos dentro do governo Lula. O movimento ocorre na mesma ocasião em que o Palácio do Planalto trabalha para tentar adiar o começo da CPMI do INSS. O Executivo também já avalia estratégias para disputar cargos e ter voz na eventual futura comissão.
A disputa pela Codevasf
PT e União Brasil tiveram disputas acirradas por diretorias da Codevasf. A estatal se tornou uma das preferidas do centrão. Petistas, entretanto, viam que as políticas empreendidas pela empresa poderiam gerar vantagens eleitorais a adversários do partido, principalmente no Nordeste. O União Brasil, no entanto, venceu a queda de braço e manteve Marcelo Moreira na presidência.

A Codevasf foi criada em 1974 para apoiar o desenvolvimento das regiões pobres do Vale do Rio São Francisco. Com o decorrer dos anos, a companhia foi ampliando sua área de atuação e passou a abranger diversas regiões, longe de seu propósito inicial, para abrigar aliados de quem está no poder.
Em 2020, por meio de um projeto de Alcolumbre, a Codevasf foi ampliada e começou a atuar no Distrito Federal e em 2.681 municípios, localizados em 15 Estados. Assim, a área de atuação da companhia passou a alcançar o equivalente a 36,59% do território nacional.
Desde 2020 até a decisão do Supremo Tribunal Federal que acabou com o orçamento secreto, em agosto de 2024, a Codevasf teve seu orçamento proveniente das chamadas emendas de relator, nas quais parlamentares enviavam verbas do governo a seus domicílios eleitorais sem que fossem identificados.
O modelo abria espaço para barganhas do governo com o Congresso e tornou a estatal uma das mais cobiçadas pelo centrão, por conta de seu grande raio de influência pelo país. Mesmo com o fim do orçamento secreto, a empresa manteve sua relevância política.