terça-feira, abril 15, 2025
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Agenda Teresina 2030 reúne secretarias para iniciar formatação de protocolo de calor para gestantes

Foto: Ascom Agenda Teresina 2030

As gestantes de Teresina passarão a contar com um protocolo de calor, um documento com orientações específicas para garantir sua saúde e bem-estar no período do B-R-O Bró. Esse documento será formatado por um grupo de profissionais de várias secretarias da Prefeitura de Teresina, sob a liderança da Agenda Teresina 2030, e subsidiado pelos resultados da pesquisa “Avaliação do impacto do calor extremo na saúde de mulheres grávidas em Teresina”, realizada no ano passado e que revelou os problemas e dificuldades enfrentados por essas mulheres no período mais quente do ano.

“Vamos iniciar esse trabalho em conjunto com a Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres, Fundação Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Assistência Social e Políticas Integradas e Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A pesquisa nos revelou os efeitos do calor extremo na saúde de mulheres gestantes e também que o nível de orientação não é suficiente para que elas consigam lidar com esses efeitos. Então, esse protocolo vai cumprir essa função”, afirma Leonardo Madeira, coordenador da Agenda Teresina 2030.

A pesquisa foi realizada pela Agenda Teresina 2030 no âmbito do desafio “Climate Change XX: Women’s Health in Focus”, lançado pelo Fundo de Populações da Organização das Nações Unidas (UNFPA/ONU). A capital piauiense foi a única cidade das Américas a vencer esse desafio e, com o prêmio, financiou a realização dos levantamentos. O resultado da pesquisa foi divulgado em dezembro do ano passado.

Entre os dados mais expressivos, a pesquisa aferiu que 83,7% das mulheres afirmam que o calor afeta seu bem-estar de forma negativa. Ao todo, 89% das entrevistadas declararam que o calor impacta sua saúde física, com 82,24% afirmando que tem piorado os sintomas de cansaço ou fadiga e para 50,61% aumentou a dificuldade de respirar. E, de forma espontânea, elas manifestaram os sintomas relacionados ao calor que as levaram a procurar o médico: assaduras no corpo, falta de ar, dermatite, coceira, mal estar, dor de cabeça, insônia, confusão mental, enxaqueca, pressão baixa, sangramento no nariz e piora na ansiedade.

Ainda sobre sintomas físicos, 35% das entrevistadas apresentaram algum tipo de infecção no trato uroginegológico durante a gravidez e entre elas 75% acreditam que a condição foi agravada pelo calor.

Quando perguntadas se estavam seguindo alguma orientação médica específica para lidar com o calor, 63% respondeu que não havia recebido orientações do profissional de saúde, 25% não buscou orientações e 12% afirmou que estava seguindo as orientações. Porém, ao responderem sobre quais seriam essas orientações passadas, 90% afirmou que seria beber água e 15% tomar mais banhos. No total, 68% avaliam que bebem pelo menos 2,5 litros de água diariamente. Além disso, 91% das mulheres nunca conversaram com um profissional de saúde sobre o impacto do calor na gestação.

O questionário também avaliou o impacto emocional do calor nas gestantes. Do total de entrevistadas, 61% afirmou que sente de forma significativa esse impacto.

Perfil geral

84% das mulheres são pardas e pretas, com média de idade de 27 anos, 60% se locomovem a pé para as consultas e 53% se locomovem a pé no dia a dia.

Entre as que estão no grupo de 15% que declararam ter problemas de saúde antes da gravidez, 34% apontaram a hipertensão, 18% a diabetes e 18% a anemia.

Para amenizar o calor

Sobre as medidas que adotam contra o calor extremo, 81% delas disseram que buscam um local fresco, 20% ficam no quarto com ar-condicionado e 20% ficam no quintal ou áreas cobertas da casa. Por outro lado, 70% afirmam que não frequentam parques ou praças, sendo que 34% afirmam que não gostam desses ambientes, 20% não tem acesso e 18% não se sentem seguras em parques e praças.

79% usam roupas específicas para lidar com o calor, como vestidos e shorts. 69% não consideram suas residências adaptadas ao calor extremo.

Falta informação

Do total de entrevistadas, 84% sentem que não têm acesso adequado a informações e recursos sobre como gerenciar o calor durante a gravidez e 15% disseram que têm acesso. Destas, 59% se informam pelas redes sociais e internet e 30% nas UBSs.

Para Elisa Carvalho, líder da pesquisa, os dados evidenciam que as mulheres sentem falta de informação, de um cuidado mais específico por parte dos profissionais de saúde e orientação. “Fomos muito felizes em aplicar um questionário que permitiu que essas mulheres pudessem manifestar o que estavam sentindo e passando no seu cotidiano e o que percebemos com isso é que elas precisam é de informação, de orientações mais direcionadas às formas de mitigar o calor extremo, de se sentirem mais confortáveis em casa e minimizar os sintomas”, explicou.

Calor e preocupação

As gestantes relataram de forma espontânea preocupações sobre o impacto do calor na sua saúde: piorar a falta de ar e evoluir para algo mais grave, gatilho de ansiedade, insolação, ter um AVC, medo de eclâmpsia, passar mal, desmaio, medo do parto prematuro, infarto, tontura, agravar o emocional, pensamentos agoniantes, medo da depressão subir muito e colocar a vida dela e do filho em risco.

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