O deputado Aécio Neves (PSDB-MG) foi eleito na quarta-feira (6), presidente do Instituto Teotônio Vilela (ITV), órgão de formação política do partido. Após uma disputa interna que opôs o parlamentar mineiro a parte da bancada da sigla na Câmara, a aprovação acabou sendo unânime, com 23 votos. Aécio ficará no comando do ITV até 2025.
“Somos oposição ao atual governo e através do ITV, com a participação de economistas, intelectuais de várias áreas e políticos altamente qualificados, vamos, ao lado do presidente Marconi Perillo, aprofundar o debate sobre a teses e propostas do partido para o Brasil”, disse Aécio na quarta-feira.
Uma ala da bancada de deputados da sigla avaliava deixar o partido caso perdesse a presidência do ITV para Aécio. Os parlamentares queriam que o ex-governador Rodrigo Garcia (SP) assuma a entidade, que recebe mais de 20% do fundo eleitoral da legenda.
Na semana passada, o PSDB elegeu o ex-governador de Goiás Marconi Perillo como novo presidente, após uma breve disputa interna com o ex-senador José Aníbal (SP). Perillo chegou à presidência da sigla com o apoio de Aécio, que retomou influência no partido após ser absolvido de acusações de corrupção.
“Com sua experiência política, Aécio será essencial para fomentar o bom debate político e a discussão em torno de ideias-força para as propostas que apresentaremos à sociedade brasileira em 2024 e 2026, na eleição presidencial”, declarou Perillo hoje.
Na semana passada, um dia após ter sido eleito, o presidente do PSDB disse que a sigla precisa ter candidatos a prefeito em 2024 nas principais cidades do país e definir desde agora uma estratégia para as eleições presidenciais.
Perillo afirmou ainda que o PSDB já tem nome definido para a disputa ao Planalto em 2026: o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
“Erramos por não termos lançado candidato à Presidência da República ano passado. Foi um erro grosseiro. Eu me coloquei à época contra essa ideia de apoiar outras candidaturas, mas fui voto vencido”, disse Perillo.
O presidente do PSDB afirmou que deve viajar pelo País para debater sobre urbanização das cidades e outros assuntos locais.
Ele defende que o partido deve lançar o máximo possível de candidatos a prefeito nas eleições municipais de 2024, sobretudo em cidades com mais de 100 mil habitantes, mas ponderou que é preciso avaliar também a viabilidade das candidaturas.
“Acho que a gente vai precisar, mais do que nunca, trabalhar com essa perspectiva de candidaturas nas mais importantes cidades do País e, ao mesmo tempo, definir já uma estratégia quanto às eleições de 2026, com candidaturas fortes nos Estados e candidatura presidencial. Nesse caso, a gente já tem um nome definido, um pré-candidato, que é o Eduardo Leite”, emendou.
A previsão de Perillo é que o PSDB vai manter ou aumentar o número de prefeitos eleitos ano que vem, em comparação com 2020, apesar de esperar uma “desidratação” em São Paulo.
Em 2022, a sigla perdeu o governo do Estado, seu principal reduto eleitoral por décadas, o que levou também a uma debandada de prefeitos para legendas mais alinhadas ao Republicanos, partido do agora governador Tarcísio de Freitas.
O novo presidente do PSDB afirmou que é hora de “reunificar” o partido, “sobretudo em São Paulo”. Para ele, divisões e brigas na sigla, como as que deixaram “cisões profundas” nas prévias de 2022, devem ficar no passado, mas não é possível “tapar o sol com a peneira”.
“Somos um partido. Se não fosse assim, se não houvesse divisões, interesses regionais, não se chamaria ‘partido’, seria talvez ‘unido’. O próprio nome ‘partido’ já implica em uma série de discussões que existem e são democráticas”, afirmou.
“Eu, por exemplo, sempre defendi prévias a nível nacional, mas em 2022 foi muito traumático, criou cisões profundas”, emendou o ex-governador de Goiás. O ex-governador João Doria, na ocasião, venceu a disputa contra Eduardo Leite, mas depois retirou sua candidatura ao Palácio do Planalto.
Segundo Perillo, há uma demanda pela retomada do protagonismo do PSDB, que já governou o País com Fernando Henrique Cardoso por dois mandatos e foi o principal partido de oposição durante as gestões anteriores de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, do PT.
Ele defendeu que a sigla precisa insistir em um discurso de combate ao que chamou de radicalização no País.
“Quero ajudar a reunificar o partido, sobretudo em São Paulo, que é o mais importante Estado da federação. E, ao mesmo tempo, trabalhar para acabar com dualidades, divisões, brigas que tiveram no passado, porque se hoje a gente tem dificuldades, bancadas diminutas no Congresso é porque, de alguma maneira, nós erramos”, disse.
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