quinta-feira, abril 24, 2025
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Adesivos de capivara para crianças retratam violência e suicídio

Produtos escolares com estampas de capivara, popularizados como itens inofensivos para crianças, foram alvo de críticas por esconderem imagens de violência. Pais denunciam que figurinhas, canetas e cadernos trazem ilustrações perturbadoras, como capivaras apontando facas contra outros animais e com cordas no pescoço.

A influenciadora Karina Milanesi, mãe de duas meninas, compartilhou um vídeo nas redes sociais em que mostra o conteúdo de uma dessas canetas. “Ela chegou da escola falando: ‘Mãe, na minha caneta, a capivara está tentando machucar a outra com uma faca’”, contou. O vídeo conta com mais de 1,8 milhão de visualizações.

Karina afirmou já ter visto um alerta anterior. “Uma moça de uma papelaria dizia: ‘Você compra esse caderninho e nem imagina o que tem dentro’”, relatou. “Depois, mostrou ilustrações de capivaras com faca, com serrote, e uma chorando com corda no pescoço.”

A comerciante Sylvia Gomes Leal, proprietária de uma papelaria, também alertou seus clientes. “São lindas, super fofas, mas olha só essa capivara com a faquinha no pescoço do amigo, outra com serrote, essa aqui com a corda no pescoço, chorando”, relatou. “Nós somos responsáveis por aquilo que colocamos dentro da nossa casa.”

Capivara pode ter sido alvo de cultura para adultos

A moda da capivara, tida como símbolo de tranquilidade, virou febre entre crianças. No entanto, acredita-se que parte desses produtos tenha sido inspirada em um estilo comum em países asiáticos, especialmente no Japão, onde o contraste entre o “fofo” e o “macabro” é popular entre adultos — e é chamado de kimokawaii.

O termo é uma junção das palavras japonesas kimochi warui (nojento ou perturbador) e kawaii (fofo), e define uma estética que mistura o adorável com o estranho, o grotesco ou o macabro. Popular principalmente entre jovens, a tendência desafia a ideia tradicional de fofura e propõe um olhar mais ambíguo e provocativo sobre o que pode ser considerado “bonito”.

O kimokawaii pode aparecer em personagens de pelúcia com ferimentos ou olhos estranhos, desenhos de criaturinhas sorridentes mas cercadas por sangue, ou até mesmo roupas e acessórios que simulam órgãos humanos com cores vibrantes e estilo infantil.

Esse contraste entre o fofo e o perturbador é comum em nichos da moda alternativa japonesa, como o yami kawaii (fofo sombrio), que retrata temas como dor emocional, depressão e morte com uma estética doce e colorida.

Embora o kimokawaii tenha nascido como subcultura, sua influência se espalhou para o design de produtos, animações independentes, jogos e até campanhas publicitárias. No Ocidente, começa a ganhar visibilidade por meio de redes sociais e produtos importados, especialmente entre consumidores que se interessam por estéticas excêntricas e fora do comum.

No entanto, seu conteúdo nem sempre é adequado para todas as idades — e quando personagens fofinhos são usados em contextos violentos ou sinistros, podem gerar confusão entre pais e educadores quanto ao público-alvo desses produtos.



Via Revista Oeste

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