Na quinta-feira 6, os acionistas da Americanas aprovaram, em assembleia geral extraordinária, uma nova composição para o conselho de administração. Esta mudança marca a saída de Carlos Alberto Sicupira e Paulo Lemann de seus cargos, enquanto os acionistas de referência aumentaram sua participação para 49,24% depois de um aporte financeiro.
Três dos membros eleitos já faziam parte do conselho. Eduardo Saggioro, sócio da LTS, holding de Lemann, Marcel Telles e Sicupira, já foi presidente do colegiado. Claudio Garcia, ex-executivo da AB Inbev, e Vanessa Claro Lopes também foram mantidos.
As novas integrantes independentes são Maria Rita Coutinho, do Banco CTT de Portugal, e Paula Magalhães, ex-CEO da Rede, substituindo Célio Almada Neto e Sidney Breyer. Luiz Fernando Edmond e Yuiti Matsuo Lopes são os novos representantes dos acionistas de referência.
O mandato dos novos conselheiros é de dois anos, podendo ser renovado por mais dois. Os nomes foram indicados no final do ano passado, durante as discussões com os bancos que resultaram na capitalização de R$ 24 bilhões, dividida entre acionistas de referência e instituições financeiras.
A Americanas entrou em recuperação judicial em janeiro de 2023, depois da descoberta de uma fraude contábil de R$ 25 bilhões. A assembleia contou com a participação de 53,4% dos acionistas, insuficiente para votar outros itens da pauta, que serão deliberados em uma nova reunião.
Ações da Americanas são negociadas a menos de R$ 0,15
As ações das Americanas (AMER3), que já foram valiosas na Bolsa de Valores, foram negociadas a R$ 0,08 na última semana de agosto. O incidente ocorre depois de um prejuízo de R$ 1,4 bilhão no segundo trimestre de 2024.
Para resolver a situação, a empresa decidiu agrupar 100 ações em uma única, conforme decisão tomada no ano passado durante o plano de recuperação judicial.
Os resultados financeiros da Americanas, divulgados em 14 de agosto, revelam um prejuízo de R$ 2,27 bilhões em 2023, representando uma redução de 82,8% em comparação com 2022. No primeiro semestre de 2024, o prejuízo foi de R$ 1,4 bilhão, 55,9% menor que no mesmo período de 2023.
A dívida da empresa é um dos principais problemas. Com R$ 24 bilhões em dívidas e apenas R$ 1,1 bilhão em caixa, a situação financeira é crítica.
Desde o início do ano, as ações da Americanas desvalorizaram 84%, de acordo com dados da Economatica. Diante desse cenário, grandes acionistas, como o banco Santander (SANB11), reduziram suas participações na empresa.
O Santander, que possuía 6,99% das ações, diminuiu para 4,87%, depois de ter se tornado acionista em troca de dívidas da varejista.