quarta-feira, outubro 2, 2024
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“Abin paralela“ é célula de organização criminosa maior, diz PF

A Polícia Federal (PF) apontou a existência de uma organização criminosa de maior amplitude no núcleo político da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão do ex-diretor-geral Alexandre Ramagem.

A informação atribuída à PF é apontada na decisão em que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autoriza a operação realizada nesta segunda-feira (29) contra Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Para a Procuradoria-Geral da República (PGR), Carlos Bolsonaro fazia parte do núcleo político. A defesa do vereador nega, diz que não teve acesso aos autos e que a operação é baseada em apenas uma troca de mensagem.

Na decisão de Moraes, consta que a “Polícia Federal aponta que a organização criminosa identificada na Abin era, potencialmente, uma das células de organização criminosa de maior amplitude, cuja tarefa primordial era realizar a ‘contrainteligência’ de Estado”. Para isso, havia o desvirtuamento de função da agência e do software FirstMile, que supostamente foi usado para espionar autoridades.

 

Segundo a PF, além de Carlos Bolsonaro, o núcleo político era composto por sua assessora, Luciana Almeida, e por Priscilla Pereira e Silva, que trabalhava para Ramagem.

O núcleo foi descoberto durante o monitoramento ilegal, para fins políticos, do servidor Hugo Ferreira Netto Loss, responsável por operações de fiscalização ambiental no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Loss, posteriormente, foi exonerado de sua função “em possível represália às ações de combate aos crimes ambientais”, de acordo com a ação.

A PF chegou a conclusão sobre a organização criminosa a partir de cinco passos:

  • A investigação ganhou concretude com a identificação de informações sigilosas impressas pelo delegado Alexandre Ramagem possivelmente para entregar aos destinatários do núcleo político;
  • A Controladoria-Geral da União (CGU) identificou impressão de documento por Ramagem contendo a lista de informações dos inquéritos eleitorais da Polícia Federal no Rio de Janeiro;
  • A lista impressa por Ramagem apresentava o nome do investigado, o cargo e partido político em fevereiro de 2020 na Superintendência da PF no Rio de Janeiro;
  • A impressão do relatório de informações com referências a fevereiro de 2020, que eram sigilosas, eram relacionadas a unidade da PF responsável por apurações eleitorais no referido ano;
  • O uso do FirstMile foi maior em outubro de 2020, período eleitoral; das 60.734 consultas, 30.344 foram relacionadas durante as eleições.

De acordo com a PF, ainda dá forma ao núcleo político o pedido da assessora de Carlos a Ramagem em inquéritos relacionados à Polícia Federal (PF) e ao clã Bolsonaro.

Uma conversa de WhatsApp identificada depois da quebra do sigilo telemático de Ramagem é a principal evidência que embasa a operação da PF.

Na troca de mensagens, a assessora Luciana Almeida envia mensagem pedindo “ajuda” a Ramagem. A CNN busca contato com a defesa da assessora.

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro disse, em nota, que “a verdade é que a operação da Polícia Federal na data de hoje pode ser classificada como mais uma desastrosa e indevida fishing expedition, ou pescaria probatória, subvertendo a lógica das garantias constitucionais, vasculhando-se a intimidade e a vida privada de cidadãos probos, vilipendiando seus direitos fundamentais e extrapolando os limites legais”.

*Colaborou Renata Souza, da CNN

Via CNN

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