A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) negou à Polícia Federal que tenha feito pagamento ao hacker Walter Delgatti Neto para que ele invadisse o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A parlamentar confirmou, no entanto, que houve um pagamento a Delgatti, no valor de R$ 13,5 mil, mas que R$ 3,5 mil seriam para “ajustes no site” dela – e não para invasão hacker. Os outros R$ 10 mil seriam de negociação do assessor para compra de uísque.
Zambelli também disse que não conhecia Walter Delgatti Neto antes de contratá-lo.
O advogado Daniel Bialski declarou que vai processar o hacker por calúnia e difamação.
A parlamentar é investigada pela possível contratação do hacker Walter Delgatti Neto para inserir, de maneira ilegal, dados no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), entre eles um mandado de prisão falso contra Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em 7 de agosto, a parlamentar era esperada para uma oitiva na PF de São Paulo e chegou a comparecer, mas informou que não responderia aos questionamentos dos investigadores porque sua defesa, liderada pelo advogado Daniel Bialski, ainda não havia tido acesso ao processo.
Nesta terça-feira (14), segundo fontes com acesso à investigação, ela respondeu todas as perguntas da PF.
A oitiva começou às 14h e foi feita na Diretoria de Inteligência da PF (DIP), na PF de Brasília. O depoimento durou uma hora e meia.
Com essas informações repassadas pela deputada à PF, os investigadores darão andamento ao inquérito e não descartam novos depoimentos.
O caso passou para a competência do STF após a suspeita de envolvimento da deputada Carla Zambelli com o hacker.
Segundo os investigadores, Delgatti teria invadido os sistemas entre setembro e dezembro de 2022 a pedido de Zambelli, com o objetivo de expor vulnerabilidades do Poder Judiciário pouco antes das eleições.
Na época, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) defendia, sem apresentar provas, que o sistema eleitoral brasileiro era inseguro e pedia que fosse alterado, com a inclusão do voto impresso nas urnas eletrônicas.
A deputada bolsonarista chegou a criar um site com posicionamentos de deputados a favor do voto impresso.
Além disso, a PF também investiga crimes que ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos, além de um mandado de prisão falso contra Moraes.
O hacker preso recebeu R$ 13,5 mil da deputada, segundo a PF e ele próprio em depoimento. Os pagamentos feitos são um dos elementos que embasam a operação, além de áudios de negociação.
“Os pagamentos foram sempre relacionados ao site, para ele fazer melhorias no [meu] site, fazer firewall no site e ligar as minhas redes sociais ao site, que ele próprio disse que não conseguiu realizar essa tarefa. Inclusive, deveria ter tido até a devolução [do dinheiro]”, argumentou a deputada em coletiva na Câmara dos Deputados no dia em que foi alvo de busca e apreensão feita por agentes da PF, em 2 de agosto.
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