Prefeito de Araraquara (SP) e um dos nomes mais próximos de Luiz Inácio Lula da Silva, Edinho Silva desponta como o principal cotado para suceder Gleisi Hoffmann na presidência do PT em 2025. Figura de confiança do presidente, Edinho, de 59 anos, tem uma trajetória de quase 40 anos na sigla. No governo de Dilma Rousseff, foi secretário de comunicação.
Se escolhido para liderar o partido, Edinho enfrentará o desafio de apaziguar as alas internas do PT e de tentar reconectar a legenda com a classe trabalhadora, a fim de superar as derrotas nas recentes eleições municipais. “O PT precisa ter humildade para ouvir o que a população não está apenas dizendo, mas gritando”, afirmou à revista Veja nesta sexta-feira, 15.
Apesar das tensões entre o PT e partidos da base aliada, Edinho considera fundamental construir uma coalizão sólida.
Questionado sobre o recente manifesto da sigla, crítico ao ajuste fiscal, ele disse que o debate sobre o tema não deveria ter tomado uma dimensão pública. “O desejável é que a discussão tivesse sido esgotada internamente”, declarou.
Ele também ponderou que esse tipo de conduta do PT não deveria enfraquecer publicamente o ministro Fernando Haddad. “Não acho que a Gleisi tenha de abrir mão de suas convicções, mas não pode enfraquecer o ministro da Fazenda.”
O PT assinou o manifesto contra o corte de gastos junto com partidos de esquerda, como o Psol, PCdoB e PCB, e movimentos sociais.
“O poder financeiro, os mercados e seus porta-vozes na mídia agitam o fantasma de uma inexistente crise fiscal, quando o que estamos vivendo é a retomada dos fundamentos econômicos, destruídos pelo governo anterior”, diz um trecho do texto. Em outro momento, o manifesto afirma que “agora querem cortar na carne da maioria do povo”.
Edinho avalia desempenho do PT
Para Edinho, o suposto discurso antissistema da direita encontrou eco nas classes populares por causa da perda do poder de compra, e a resposta do PT precisa incluir um diálogo direto com novos setores da sociedade, especialmente com trabalhadores que não se enquadram mais no regime tradicional.
“O PT nasceu do movimento sindical, só que hoje o mundo é outro: há uma imensa parte dos trabalhadores que não está em regime CLT, mas atuando como PJ [Pessoa Jurídica] ou MEI [Microempreendedor Individual], e não quer ser formalizada”, analisou.
O petista enfatiza a necessidade de uma aliança no campo democrático para garantir a governabilidade e pavimentar o caminho para 2026. No entanto, acredita que o PT não deve abandonar suas bandeiras históricas. “O giro para o centro não é uma possibilidade”, afirmou. “Nosso foco deve ser combater o fascismo e o nacionalismo de direita.”
Edinho defende que o partido promova uma reforma democrática que aproxime as instituições da sociedade. “As lutas identitárias devem continuar porque representam um avanço do direito individual, mas só elas não vão nos reconectar com a sociedade”, declarou.