Uma mentira simples é clara e amplamente compreensível: fazer uma falsa acusação de um crime a alguém é um crime. Acusar alguém de um falso crime e arruinar a imagem desta pessoa é um crime maior. Juntar a Justiça oficial, a mídia e o próprio presidente para perseguir o acusado de um falso crime é o ápice de um abuso brutal, num país que banalizou o abuso de poder. Juntar tudo isso num abuso claro e quase ninguém acusar este abuso claro é o buraco negro do abismo abusivo onde mora o Brasil de hoje.
O abuso de poder é escandalosamente óbvio: duas pessoas acusadas de uma agressão física em um aeroporto pelo ministro supremo Alexandre de Moraes. Estas duas pessoas são incluídas em um inquérito de milícias digitais, chamadas de animais selvagens pelo presidente Lula, massacradas pela mídia. O jornal O Globo chega a fazer um desenho da suposta agressão: um tabefe na cara do filho de Alexandre. Uma agressão viva, tátil. No dia seguinte à denúncia, a Polícia Federal vai à casa dos denunciados, pedem busca e apreensão destas pessoas como se fossem terroristas que conspirassem contra a democracia brasileira. As duas pessoas são tratadas tanto pela Justiça e pela mídia como por políticos como criminosos de Estado.
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As imagens somem, as acusações provam-se infundadas. Mais: a polícia italiana diz que não houve crime algum, um leve toque incidental apenas nos óculos do filho de Alexandre. A coisa toda se prova uma patuscada: no máximo uma desavença pueril com vaidade ferida de alguém, caso para no máximo uma acusação de perturbação da ordem, resolvível em um tribunal de pequenas causas e multas de trânsito, sob julgamento de um estagiário de Direito. Mas a vaidade ferida é do juiz-ministro Alexandre de Moraes, que subjuga a lei e a Constituição a seus caprichos. O homem transforma um bate-boca banal em um ataque ao Estado Democrático de Direito. Ele, Alexandre de Moraes, se considera o Estado e a Lei atacados. E não obstante o abuso flagrante da negação do crime pela própria polícia italiana, o homem não para: torna-se ele mesmo, Alexandre, assistente de acusação do próprio processo onde atua como vítima, acusador e juiz, não por coincidência — assim como faz o STF em todos os inquéritos ilegais em que acusam pessoas de crimes de opinião no Brasil. Um caso banal, que é tradução do brutal estupro da democracia por quem finge protegê-la.
O veredito final deste abuso flagrante será dado pelos próprios ministros do Supremo e pelo próprio Alexandre. Não importam as óbvias evidências e provas do abuso de poder deste homem. A ditadura do medo por ele imposta o tornou a seus olhos inimputável, intocável. Isso significa dizer que a interpretação subjetiva de um homem que confunde um bate-boca com crime de Estado numa acusação que se provou infundada pela Justiça Italiana será dada por este homem que tem subvertido a Justiça Brasileira. Há perseguição não só a essas duas pessoas, mas a senhoras de idade, a jornalistas, a políticos, a humoristas, a pastores, a índios, a influenciadores, a cidadãos comuns e a toda sorte de pessoas que ousam contestar o mérito da Justiça particular deste homem e seus asseclas. “Bandido!”, brada Alexandre, o supremo, xingando quem o acusa do crime que não cometeu. “Você será identificado e processado!”, disse ele, abraçando e cumprindo a ameaça linchado um inocente.
“Abuso de autoridade”, reportagem publicada na Edição 189 da Revista Oeste
A inocência de vários homens e mulheres têm sido linchada no Brasil. Jornalistas se regozijam, acusando de monstros fascistas quem pensa diferente do pseudoprogressismo que impera nas redações, vibrando com prisões, censura, bloqueio de contas bancárias. O linchamento da inocência também se dá pela omissão, pelo silêncio: apresentadores e comentaristas de sucesso, mesmo em emissoras tidas como conservadoras e perseguidas pela ditatoga, se silenciam diante das injustiças, desviam do assunto, engolem as pautas como engolem seu próprio caráter.
O abuso flagrante e simples desta acusação leviana e do abuso continuo deste processo contra estes dois injustiçados revela a covardia abusiva da Justiça, da mídia e de políticos brasileiros ajoelhados ao carrasco que de fato está cortando a cabeça da democracia no Brasil. A única imagem flagrante, explícita desta história, é da tirania de um homem que consegui erguer ao seu redor um império do medo.