A atuação da primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, é vista como prejudicial ao governo por 36% dos brasileiros, de acordo com pesquisa realizada pelo instituto Datafolha nos dias 10 e 11 de junho.
Apenas 14% acreditam que suas ações ajudam a administração federal, enquanto 40% avaliam que ela “nem ajuda nem atrapalha”. Outros 10% não souberam opinar. O levantamento ouviu 2 mil pessoas em 136 municípios brasileiros e tem margem de erro de dois pontos porcentuais para mais ou para menos.
Janja tem sido figura constante em eventos oficiais e em viagens internacionais ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mesmo sem ocupar cargo público. Seu grau de participação gerou incômodo entre diplomatas, ministros e aliados do governo, que avaliam excesso de protagonismo.
Um dos episódios mais recentes ocorreu na visita de Lula à China, no começo de maio. Durante um jantar, Janja pediu a palavra e questionou diretamente o presidente Xi Jinping sobre regulação da rede social TikTok, de origem chinesa. O gesto causou desconforto na comitiva brasileira por violar protocolos diplomáticos.
Lula sai em defesa de Janja
Em defesa da mulher, Lula afirmou que ela apenas complementou uma discussão que já havia tido início por ele. Janja, por sua vez, respondeu às críticas, as atribuiu ao machismo e declarou que continuará se manifestando “quando achar que deve”.
A pesquisa revela que a percepção negativa sobre a influência da primeira-dama é mais acentuada entre os homens: 40% acreditam que ela atrapalha o governo. Entre as mulheres, o índice cai para 36%.
A desaprovação é ainda maior entre os brasileiros com ensino superior completo, com quem atinge 49%. No grupo com ensino médio, o porcentual é de 34%, e entre os que cursaram até o ensino fundamental, 26%.
Internamente, a relação de Janja com a estrutura do governo também tem sido alvo de críticas desde o período eleitoral. Na campanha de 2022, ela já exercia papel de influência ao controlar o acesso ao então candidato e participar de decisões estratégicas. Em muitos comitês do Partido dos Trabalhadores, sua mesa ficava posicionada na antessala de Lula.
No governo, além de acompanhar o presidente em agendas no Brasil e no exterior, Janja também tem atuado em decisões simbólicas e organizacionais. Durante a cúpula do G20 no Rio de Janeiro, no começo deste ano, ela participou da maioria das reuniões ao lado de Lula, comportamento considerado atípico no meio diplomático.
Outras atitudes de destaque incluem o episódio em que Janja entrou na foto oficial de Lula com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em 2023, o que gerou queixas reservadas no Itamaraty. Ela também protagonizou um momento polêmico ao xingar o empresário Elon Musk durante um evento paralelo à mesma cúpula do G20.
