O Brasil ainda não é referência na venda de carros elétricos, mas alcançou resultados surpreendentes no ano passado. Até novembro passado, por exemplo, o salto nos emplacamentos foi de 57% em comparação com 2022, segundo a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico).
Podemos dizer que 2023, foi de fato o ano em que os elétricos passaram a fazer parte da realidade dos consumidores brasileiros. A chegada do BYD Dolphin e GWM Ora 03 movimentou o mercado (…) passamos a ter, de fato, um panorama mais sólido de aceitação dos elétricos e, principalmente, da viabilidade de ter um carro desse na garagem (no Brasil)
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Carlos Mattos, especialista no setor automotivo e colunista do Olhar Digital
Já 2024 começa com uma mudança que pode impactar diretamente o crescimento da categoria: o retorno da tributação de importação, que afetará os preços já a partir de janeiro.
Especialistas do meio automotivo já apontam que este será um grande obstáculo para os EVs nos próximos meses. Pensando nisso, confira abaixo o que mudará.
O que você precisa saber sobre a volta do imposto
Segundo o governo, a volta da cobrança depois de oito anos de alíquota zerada para híbridos e elétricos visa reforçar a indústria nacional, que está quase pronta para iniciar a produção de carros elétricos em solo nacional.
- Vale ressaltar que a tributação subirá gradualmente.
- Falando especificamente sobre os carros elétricos, o imposto será de 10% a partir de janeiro de 2024, com novo reajuste em julho, quando a alíquota sobe para 18%.
- Para julho de 2025 e 2026, a cobrança será de 25% e 35%, respectivamente.
O que deve mudar nos preços?
- O trio de carros elétricos mais baratos (ou menos caros) do Brasil é composto atualmente pelo: Caoa Chery iCar (R$ 119.990), Kwid E-Tech (R$ 123.490) e Jac E-JS1 (R$ 126.900).
- O Dolphin, apesar de ser o mais popular da turma, custa mais caro que os demais, a partir de R$ 149.800.
- Se os 10% forem repassados na íntegra para o bolso do consumidor, os preços ficarão assim: Caoa Chery iCar (R$ 131.989), Kwid E-Tech (R$ 135.839), Jac E-JS1 (R$ 138.600), já o Dolphin irá para R$ 164.780.
Ainda não se sabe como as montadoras irão adotar o repasse, mas pelo menos é possível ter uma ideia do que esperar.
No fim da linha, é certo apenas que os carros elétricos ficarão mais caros este ano. Algumas montadoras devem tentar segurar os reajustes por um tempo para gerar menos impacto no bolso do consumidor, ou optar por aumento gradual no repasse da tributação.
Como o salto nos preços, é provável que o ano também comece com menos unidades de elétricos importados que no início de 2023.
Essa combinação de fatores deve culminar com queda de vendas, pelo menos no primeiro trimestre. A partir daí tudo dependerá da resposta do mercado e dos consumidores aos novos preços.
Talvez neste primeiro momento da tributação, as marcas até absorvam estes valores para poder manter as vendas. Por outro lado, creio que as marcas, irão acelerar a implantação de suas fábricas por aqui para justamente poder normalizar vendas e preços.
Aí veremos, de fato, uma briga de “cachorro grande” com as novatas chinesas vendendo elétricos com bons descontos e as veteranas brigando para manter sua fatia do mercado.
Carlos Mattos, especialista no setor automotivo e colunista do Olhar Digital
A BYD já tem uma estratégia: lançar o Dolphin Mini (também conhecido como Seagull no exterior). O modelo chega ao Brasil este ano com nome exclusivo e com a proposta de ser o carro elétricos mais barato do país.
Quando começa a produção de carros elétricos no Brasil?
Como mencionado antes, nenhuma montadora fabrica carros elétricos no Brasil até o momento, o que deve mudar ainda em 2024 se depender da BYD.
A gigante chinesa assumiu a antiga planta da Ford em Camaçari, Bahia, e já confirmou que irá fabricar dois EVs por aqui: o Dolphin e o Yuan Plus, além do híbrido Song Plus.
A estratégia da empresa envolve um investimento de R$ 3 bilhões, com plano de iniciar a produção de veículos a partir do segundo semestre.
A rival GWM e a reabertura da fábrica da Chery em Jacareí (SP) — que irá trazer duas novas marcas do grupo (Omoda e Jaecoo) ao Brasil — também deve movimentar a categoria nos próximos anos, finaliza Mattos.
O BYD Dolphin, o carro elétrico mais popular do Brasil, vendeu mais de 4.500 unidades no ano passado, segundo os dados da Fenabrave.