O filme “Mulher-Gato”, que traz Halle Berry como a anti-heroína em trajes de couro, completa 20 anos nesta semana. Considerado um fracasso de crítica e de público, a atriz reclamou de ter carregado esse fardo sozinha ao longo dos anos.
“Eu senti que foi o fracasso da Halle Berry, mas eu não fiz isso sozinha”, disse ela em entrevista a Entertainment Weekly para marcar o aniversário do longa. “Todos esses anos, eu absolutamente carreguei isso.”
“Sendo uma mulher negra, estou acostumada a carregar negatividade nas costas, brigar, ser um peixe nadando contra a corrente sozinha. Estou acostumada a desafiar estereótipos e a encontrar uma saída do nada”, acrescentou.
Alguns anos antes do lançamento de “Mulher-Gato” em 2004, Berry havia ganhado o Oscar de Melhor Atriz por “A Última Ceia” — e se tornado a primeira mulher negra a levar a categoria na história.
Naquele ano, ela foi indicada e ganhou o Framboesa de Ouro de Pior Atriz pelo filme, e decidiu comparecer à cerimônia e fazer um discurso cheio de ironia enquanto segurava seu Oscar em uma mão e seu Framboesa de Ouro em outra.
“Fui e peguei aquele Framboesa de Ouro, ri de mim mesma e segui em frente. Isso não me tirou do rumo porque eu lutei como uma mulher negra a minha vida inteira. Um pouco de publicidade ruim sobre um filme? Eu não gostei, mas isso não iria parar meu mundo ou me tirar do caminho de fazer o que eu amo fazer”, disse ela na entrevista.
“Eu escrevi [o discurso] quase morrendo. Pensei muito em como poderia fazer isso de uma forma divertida e deixar todo mundo saber que eu não levava isso tão a sério. Você nunca pode tirar meu Oscar, não importa o quanto você me critique!”, falou Berry.
Ela sabe que as opiniões sobre “Mulher-Gato” não definem sua carreira, mas isso não quer dizer que não as incomodem: “Eu odiava que isso fosse imposto a mim, e odeio que, até hoje, seja meu fracasso. Eu sei que posso carregá-lo. Eu ainda tenho uma carreira 20 anos depois. É apenas parte da minha história. Tudo bem, e eu carreguei outros fracassos e sucessos.”
Para sua surpresa, Berry disse que cada vez mais tem recebido elogios por “Mulher-Gato” de gerações mais jovens, que assistem ao filme sem saber das críticas que ele recebeu.
“Os críticos têm tanto poder. Quando um filme é lançado, se os críticos dizem que não vale a pena assistir e o destroem, as pessoas ouvem. Como os críticos não estão falando sobre ele agora, as pessoas têm a liberdade de descobri-lo por conta própria”, falou a atriz. “As gerações mais jovens não sabem o que foi dito naquela época.”
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